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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Madrepérola

Sou uma ostra.
Flutuo nas lágrimas
das mães baleia
e de todos os marinheiros nostálgicos.
Banqueteio-me com migalhas
e as entendo.
Vivo dos cílios do mar
para que ela e eu choremos juntas.

Sou uma ostra.
Tenho milhares de corações em cada praia,
minhas entranhas são feitas de sol e serenidade verde.
Cumprimento aos peixes
canto com corais
e observo o balé invernal das focas.
Transformo minhas feridas em joias,
pois terei que vesti-las.

Sou uma ostra e você me come viva
e agora me contorço e grito
apenas para continuar consciente
antes que o mar me clame sua filha
antes que eu não ouça mais as praias borbulhantes
pelo menos, você diz, eu tinha
uma linda concha.

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