Asexual Pride Androgyne Pride Non-binary Pride

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

escalator going down

o rosto da faxineira se refletia no piso do shopping vazio
este chão que me retribuía com um sorriso narcisista
agora puro como um filho de Inês
resistia bravamente aos fantasmas de crachá
escada rolante descendo
escada rolante subindo
elevadores
banheiro em manutenção
dentro do cardume eu pareço flutuar
há uma mariposa alheia que nos guarda
pairando no aroma de café
sorrisos vejo apenas nas vitrines da CK
paro na casa das máquinas
e minha surpresa é quase igual à do manequim que me observa por trás
mas os humanos são guiados por algum poder invisível
e não podem ver
descendo as escadas

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Solêr

Deixe-me, deixe-me ir
deixe-me nadar sonâmbulo
alheio às sereias que dançam
e sentir frio

deixe-me estender a língua para o sol de outono
me olhando pela janela como um gato amargo

deixe-me flutuar pela passarela que leva ao mar
sentir a madeira úmida sob meus pés respirar a cada passo
deixe o vento evaporar minha pele em abraços maternos

deixe-me voltar para meu berço
esse piano morno
encontrar esse lugar que logo será meu limbo

Submergir na solidão
e emergir sorrindo

perdão

como de costume, não me expliquei. esse blog é o gêmeo caçula do in the androgynous dark, só que em português.

aqui cabem música, poesia, brisas e gatinhos virtuais inspirados em Radiohead.

se você escreve poesia também e quer aparecer aqui, basta mandar um email para intheandrogynousdark@gmail.com. seja amigável.

Unsayable

Seu olhar invisível
em cada despedida
ecoa mudo pelas gotas
vazias
das almas que escorrem.

O futuro do pretérito
me assombra
e o torpor citadino torna-se evidente.

Cada gota de chuva é um batismo por ser.
Todos os rostos que dormem
a névoa de combustível
a senhora triste ao lado
os ganidos brutos dos trens
tudo o que poderia ser e não foi
está livre.

Não devemos nada,
não precisamos de nada -
repetem os mortos das ruas numa procissão
Indizível.

Moon Ate the Dark - Ventricles