pela lacuna deixada por todos os passos
pelas palavras que nunca foram consumadas
pelos olhares que me atravessam como à água
por todas as noites dentro dessa noite
pelas harpias que rasgaram meu peito
pelas estações que mudaram de nome
pelos fantasmas nos corredores
pelas nuvens amarelas
pelas sereias ingênuas
pela solidão indesejada
pelas mentiras da philia
pelo pecado da culpa
pelas lágrimas secas
pelas cores furtivas
pelo futuro do pretérito
pelas brasas veladas
pelos monstros dormentes
pelo espectro na neblina
pelos olhos da górgona que fabrica musas
pelo fraco ulular da esperança
pelo suspiro lilás do crepúsculo
pelo ar que molda tua voz
liberta
liberta
liberta
liberta
benditos sejam os casulos, pois abrigam asas
benditos sejam os casulos
luz de leão rompendo as paredes finas o sangue da lagarta é meu néctar
não preciso de mais nada
eu sou a nuvem